Projeto FLY 1900-1974

Projeto FLY 1900-1974

Projeto FLY 1900-1974

Cartas Esquecidas

 

O projeto FLY 1900-1974 corresponde a uma campanha de recolha, edição eletrónica e estudo interdisciplinar de um conjunto de documentos do século XX produzidos na esfera privada e escritos por autores de todos os estratos sociais. Trata-se de uma amostra de 2.000 cartas portuguesas compostas em contexto de guerra, emigração, prisão ou exílio entre 1900 e 1974, amostra essa que tem o duplo formato de corpus linguístico e de edição crítica disponibilizada na internet e comentada nas perspetivas histórica, linguística e sociológica.

Recolheram-se 3.700 cartas provenientes de 16 arquivos públicos e de 130 coleções privadas e selecionaram-se 2.000 cartas. No caso das correspondências volumosas, não se ultrapassou, para cada par "autor-destinatário", o limite de 20 cartas escolhidas aleatoriamente. Assim se garantiu um tipo de representatividade expressa nestes números: - a dimensão do corpus é de c. 700 mil palavras, escritas por 572 autores de cartas; a média é de 3,5 cartas por autor e de 6 cartas por destinatário. O desequilíbrio entre 3,5 e 6 tem a ver sobretudo com o facto de o corpus integrar, ao lado de 1.860 cartas em registo informal – dirigidas a familiares, amigos, amantes, conhecidos – outras 140 cartas escritas por privados, sobretudo emigrados, e dirigidas ao Secretariado Nacional de Informação (SNI). Entre autores e destinatários, houve 870 indivíduos envolvidos nesta correspondência: – 572 autores e autoras, 338 destinatários e destinatárias. Eram sobretudo os homens quem ia preso, combatia, ia exilado, emigrava... e aprendia a escrever. A coleção Fly tem, portanto, 78% de cartas de autores masculinos, contra 22% de cartas de mulheres. Mas quase metade das cartas (i.e. 47%) foi recebida por mulheres.

Nas Tabelas 1, 2, 3 e 4 pode observar-se a distribuição da amostra em função da sua cronologia, da geografia e dos contextos de escrita. As décadas mais representadas são as de 1960 e 1970 e a região mais representada é África, facto que decorre de o contexto mais bem representado ser também o da Guerra Colonial.